domingo, 15 de setembro de 2013

Síntese: Currículo como processo vivenciado na escola. (Venderlei Elias Nery)




Em uma análise sobre o sentido real de currículo, o que vem em mente é a grade curricular ou divisão de disciplinas, no entanto podemos fazer uma reflexão mais profunda acerca desta questão.
Allthusser (1983) tem uma idéia bem prática da questão do currículo, foi um dos primeiros autores a chamar a atenção para o currículo como aparelho ideológico do estado, a escola como instrumento dominante muitas vezes favoráveis a classe que esta no poder, inserindo seu currículo através da transmissão de conteúdos, em destaque os direcionados as disciplinas dentro da área da humanidade. Um exemplo mais pratico está na organização escolar, onde  a figura do diretor, como autoridade máxima transmite a idéia de que devemos obedecer uma ordem hierárquica. Nidelcoff (1993) destaca a organização escolar por completo como uma forma de currículo que passa a impressão de alunos subjugados e submissos a uma ordem superior, citando como exemplo, as filas indianas, o canto do hino nacional entre outros, deixando a entender que o currículo prepara as pessoas para uma sociedade competitiva, solitária e individualista, um ponto de vista um tanto quanto radical ao comparar o sistema organizacional da escola como ideologia para um futuro submisso, se levarmos em consideração que a organização em si pode ser positiva para qualquer sociedade em contrapartida a uma idéia de liberdade anárquica.
Saindo um pouco do modelo organizacional, temos uma reflexão sobre o método de ensino, onde, o currículo impõe o conteúdo de forma incubada sem relação com a realidade que o aluno deve ser preparado, deixando o refém de uma sociedade dominadora. Em um olhar mais critico e apurado dos fatos, considerando inclusive o currículo oculto, conseguimos enxergar a ideologia da mensagem de soberania superior de uma classe e na outra ponta os dominados, colonizados e escravizados nos livros de historia, fato refletido de uma forma camuflada na sociedade atual. Se concluímos essa reflexão neste momento, teríamos um verídico de currículo como veiculo capitalista da classe dominante, no entanto é necessário que haja uma discussão mais refinada do objetivo da escola no processo de formação de um cidadão para a sociedade, temos a escola também como um instrumento de luta pela ascensão das classes sociais e ideológica, então devemos considerar os conflitos que estas contradições fazem no processo de aprendizagem levando alunos a professores a uma reflexão e uma posição critica em relação aos fatos impostos.
A escola deve ser um instrumento de luta pela democratização e formação dos indivíduos que futuramente deverão estar na frente desta batalha, a sociedade deve estar dentro da escola, e a escola dentro da sociedade, fazendo dessa formas as propostas ideal pela busca de justiça e real democracia. O autor Paro (1997) diz que o fato de apenas a participação na execução de algo elaborado por um alguém “superior” faz com que percamos nossa humanidade, e de certa forma é necessário que haja a reflexão e colaboração no processo de elaboração dos ideais curriculares, tomando muito cuidado com a fragmentação do conhecimento. O professor-aluno é de suma importância neste processo, e deve ser considerado de uma forma mais reflexiva e menos tradicionalista, sendo descrito melhor da forma, professor - aluno – professor, pois é onde ocorre à transmissão deste conhecimento, devemos dirigir o currículo na obtenção da independência social e na formação de seres autônomos.

Fonte: Revista Espaço Academico - Nº 96

Por Rafael Araujo

Abraços