Em uma análise sobre o sentido real de
currículo, o que vem em mente é a grade curricular ou divisão de disciplinas,
no entanto podemos fazer uma reflexão mais profunda acerca desta questão.
Allthusser (1983) tem uma idéia bem prática
da questão do currículo, foi um dos primeiros autores a chamar a atenção para o
currículo como aparelho ideológico do estado, a escola como instrumento
dominante muitas vezes favoráveis a classe que esta no poder, inserindo seu currículo
através da transmissão de conteúdos, em destaque os direcionados as disciplinas
dentro da área da humanidade. Um exemplo mais pratico está na organização
escolar, onde a figura do diretor, como
autoridade máxima transmite a idéia de que devemos obedecer uma ordem
hierárquica. Nidelcoff (1993) destaca a organização escolar por completo como
uma forma de currículo que passa a impressão de alunos subjugados e submissos a
uma ordem superior, citando como exemplo, as filas indianas, o canto do hino
nacional entre outros, deixando a entender que o currículo prepara as pessoas
para uma sociedade competitiva, solitária e individualista, um ponto de vista
um tanto quanto radical ao comparar o sistema organizacional da escola como
ideologia para um futuro submisso, se levarmos em consideração que a organização
em si pode ser positiva para qualquer sociedade em contrapartida a uma idéia de
liberdade anárquica.
Saindo um pouco do modelo
organizacional, temos uma reflexão sobre o método de ensino, onde, o currículo impõe
o conteúdo de forma incubada sem relação com a realidade que o aluno deve ser
preparado, deixando o refém de uma sociedade dominadora. Em um olhar mais
critico e apurado dos fatos, considerando inclusive o currículo oculto,
conseguimos enxergar a ideologia da mensagem de soberania superior de uma
classe e na outra ponta os dominados, colonizados e escravizados nos livros de
historia, fato refletido de uma forma camuflada na sociedade atual. Se
concluímos essa reflexão neste momento, teríamos um verídico de currículo como veiculo
capitalista da classe dominante, no entanto é necessário que haja uma discussão
mais refinada do objetivo da escola no processo de formação de um cidadão para
a sociedade, temos a escola também como um instrumento de luta pela ascensão
das classes sociais e ideológica, então devemos considerar os conflitos que
estas contradições fazem no processo de aprendizagem levando alunos a
professores a uma reflexão e uma posição critica em relação aos fatos impostos.
A escola deve ser um instrumento de luta
pela democratização e formação dos indivíduos que futuramente deverão estar na
frente desta batalha, a sociedade deve estar dentro da escola, e a escola
dentro da sociedade, fazendo dessa formas as propostas ideal pela busca de
justiça e real democracia. O autor Paro (1997) diz que o fato de apenas a
participação na execução de algo elaborado por um alguém “superior” faz com que
percamos nossa humanidade, e de certa forma é necessário que haja a reflexão e
colaboração no processo de elaboração dos ideais curriculares, tomando muito
cuidado com a fragmentação do conhecimento. O professor-aluno é de suma
importância neste processo, e deve ser considerado de uma forma mais reflexiva
e menos tradicionalista, sendo descrito melhor da forma, professor - aluno –
professor, pois é onde ocorre à transmissão deste conhecimento, devemos dirigir
o currículo na obtenção da independência social e na formação de seres
autônomos.
Fonte: Revista Espaço Academico - Nº 96
Por Rafael Araujo
Abraços
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